Quando comecei por aqui eu era clt, uma cliente da minha contratante se apaixonou pelo meu trabalho e delicadamente perguntou se teria alguém “que fizesse um trabalho igualzinho ao meu” pra indicar pra ela. Fiquei pensando durante algum tempo até entender que de fato ela estava tentando me contratar sem furar os olhos da empresa pra quem eu trabalhava. Num surto de coragem disse que eu poderia prestar esse serviço, afinal se ela vendesse mais, compraria mais da minha chefe e tudo daria certo, né?
Nos meses seguintes eu passei a fazer dupla jornada: das 8h às 18h eu era clt em São Paulo e nos horários restantes eu trabalhava para essa rede de lojas do Rio de Janeiro. O valor cobrado foi tímido e eu não fazia a menor ideia de quanto cobrar. O Google pode ser cruel quando manda um criativo calcular valor da hora trabalhada pra um job que ele ainda tá descobrindo como funciona.
Eu conciliava perfeitamente essa vida dupla, até que os representantes brasileiros de uma marca de scooters famosa (a que eu era uma fã declarada) me chamou pra uma reunião em São Paulo porque “gostava do jeito jovem que eu falava de coisas antigas”. Fiquei apavorada, achei que era trote, pensei em não ir. Surtei. Mas mais uma vez tive um salto de coragem e chegando lá não só fechei uma parceria com o meu finado blog, como agora eu também era responsável pelas mídias dessa empresa. Dessa vez, chutei alto e cobrei praticamente o valor que estava recebendo no meu emprego de dez horinhas diárias do clt, achei que era loucura, tava disposta a negociar e aceitar um quarto da maluquice que eu tinha colocado no papel. ~FECHEI O NEGÓCIO SEM ELES NEM TENTAREM NEGOCIAR~.
Agora eu já tinha sido apresentada pro universo da prestação de serviços e madrugar pra ficar o dia todo em um escritório e ganhar o mesmo que eu ganhava trabalhando em casa por muito menos tempo já não fazia mais sentido. Contei com o apoio da família e deixei o CLT para me dedicar ao que a vida estava me entregando ali.
Eu tava feliz da vida, mas menos de um mês desse salto maluco de coragem, o cliente que pagava o mesmo que o meu antigo emprego teve um problema financeiro e parou de me pagar. Bateu o desespero, pensei em voltar atrás e procurar um emprego fixo, mas respirei fundo e me coloquei uma meta de conseguir pelo menos um cliente até o fim do meu seguro desemprego acabar.
Um mês: nada. Três meses: nada. No quinto e último mês surgiu o cliente salvador, pequeno, mas que me deu esperança suficiente para não desistir. E desse cliente vieram outros, e outros clientes me indicaram pra outros e no fim eu estava prestando serviço até para aquele emprego clt lá atrás pra quem eu dedicada 10 horas da minha vida.
De lá para cá foi preciso um salto de coragem por dia: para dizer não para negócios que não eram saudáveis para a minha empresa, para dizer sim para projetos grandes que eu achei que não era capaz (e era), para descobrir quando eu já não dava mais conta sozinha.
Houveram momentos em que eu achei que tudo daria errado, mas é preciso ter coragem pra perseguir o que a gente quer e mais coragem ainda pra entender a espera pelo resultado do nosso trabalho. O importante é não deixar de plantar todos os dias ações produtivas: mesmo quando tudo pareceu dar errado, eu continuei divulgando meu trabalho com confiança e comprometimento.
Cada história tem seu tempo, seu caminho e seus obstáculos, mas em todas elas é preciso um salto de coragem.
Que 2022 seja um ano poderoso para você.